Precisamos falar sobre Fanconi

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A Anemia de Fanconi é uma doença grave, de ordem genética, que atinge crianças e adolescentes e traz complicações muito graves, como leucemia, insuficiência progressiva da medula óssea, anomalias no esqueleto, tumores sólidos, e alterações renais. Uma vez detectada, o paciente terá a doença por toda a vida, mas se diagnosticada cedo, é possível curar a principal complicação hematológica da doença: a falência da medula óssea. “É preciso fazer um trabalho de conscientização e educação da população, visto que esta ainda não é uma patologia popularmente conhecida”, diz Regina Bruni, presidente do Instituto TMO. Outro dado importante a respeito da doença é que, a maioria das crianças e jovens que desenvolverem a doença, ao chegar próximo dos 20 anos, possui grande chance de desenvolver câncer de boca e pescoço, por isso o alerta sobre como detectar os sinais primários da Anemia de Fanconi se faz tão importante.

A cidade de Curitiba é referência mundial no diagnóstico e tratamento da doença: há 10 anos atrás, o índice de sobrevida de pacientes com a doença girava em torno de 20%. Hoje esse número aumentou para cerca de 95%.

Com uma nova diretoria, o Instituto TMO está formatando novas diretrizes para ampliar seu trabalho pelo Brasil. Uma das ações de maior proporção é o projeto de conscientização e educação da população acerca da Anemia de Fanconi. Apesar de se tratar de uma doença séria, a Anemia de Fanconi ainda não consta no protocolo de doenças graves do Ministério da Saúde, e este é outro fato que o Instituto TMO quer mudar.

Para a presidente do Instituto, Regina Bruni, é imprescindível conscientizar a população a respeito da doença e seus tratamentos. Para esse trabalho, Regina conta com o apoio de profissionais consagrados: a Dra. Carmem Antunes Bonfim, atualmente a maior especialista em Anemia de Fanconi no país, e Dr Lisandro Ribeiro, hematologista pediátrico, responsável  pelo ambulatório de Anemia de Fanconi do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

Abaixo o Dr Lisandro Lima Ribeiro, Hematologista pediátrico do HC de Curitiba, esclarece as principais dúvidas que surgem a respeito da doença.

O QUE É ANEMIA DE FANCONI?

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética rara caracterizada por má-formações congênitas, falência progressiva da medula óssea e predisposição ao câncer.

As má-formações mais freqüentes desta síndrome são: deformidades ósseas (ausência de polegar, polegar menor ou pendurado e ainda ausência do osso do braço chamado rádio – deixando o braço curto e curvo), o rosto delicado com boca pequena, olhos pequenos e queixo pequeno. A baixa estatura é freqüente e geralmente as crianças nascem com baixo peso e estatura abaixo do esperado para idade. Os pacientes com freqüência apresentam manchas na pele de cor café-com-leite.

QUAIS AS CAUSAS DA ANEMIA DE FANCONI?

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética herdada geneticamente dos pais. A herança mais freqüente é conhecida com autossômica recessiva, ou seja, é preciso herdar uma mutação do pai e outra mutação da mãe para a criança apresentar a doença.

Ela tem o nome de anemia devido ao achado freqüente no hemograma de anemia devido à falência progressiva da medula óssea. Quando a medula óssea (fábrica do sangue) não funciona adequadamente o paciente apresenta anemia (hemácias são células responsáveis pelo transporte de oxigênio), trombocitopenia (as plaquetas, células importantes para coagulação do sangue estão diminuídas) e neutropenia (quando os neutrófilos estão diminuídos – neutrófilos são células do sangue importantes na defesa do nosso organismo contra bactérias).

Então quando existe falência de medula óssea o paciente apresenta anemia, defesa do corpo fica baixa e pode apresentar sangramentos.

SINTOMAS – COMO IDENTIFICÁ-LOS?

A maioria dos pacientes com Anemia de Fanconi apresenta anemia e trombocitopenia por volta dos 8 anos de idade (7-10 anos), quando então surge palidez cutânea e manchas arroxeadas. Todo hematologista quando esta frente a um caso de uma criança com falência de medula óssea deve pensar na hipótese diagnóstica de Anemia de Fanconi. Deve-se então ficar atento para a presença de baixa estatura, manchas café-com-leite e má-formações ósseas (polegar e braço).

DIAGNÓSTICO DA AF?

O diagnóstico é feito por um exame chamado teste de fragilidade cromossômica em sangue. Deve ser realizado em laboratório que tenha experiência com a realização do exame. O laboratório do HC – UFPR apresenta a maior experiência do país para esta análise.

QUAL O TRATAMENTO MAIS INDICADO?

Quando o paciente com Anemia de Fanconi evolui para falência de medula óssea o tratamento curativo desta complicação hematológica é a realização de um transplante de medula óssea. Atualmente a taxa de sucesso com a realização do TMO é acima de 90%, quando se acha um doador totalmente compatível.

Caso o paciente não tenha um doador compatível para realização de TMO é possível utilizar um tratamento hormonal com andrógenos (hormônio masculino). Este é um tratamento que pode manter o paciente sem transfusão sanguínea ate encontrar um doador adequado para realizar o TMO.

QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA CASO ELA NÃO SEJA DIAGNOSTICADA RAPIDAMENTE? 

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética com predisposição ao câncer, sendo assim quando o diagnóstico é feito tardiamente o paciente não recebe as orientações e cuidados que devem ser tomados durante a vida para diminuir o risco de ter um câncer.

Os cânceres mais freqüentes nos paciente com Anemia de Fanconi são: leucemias, mielodisplasias, câncer de pele, câncer de cabeça e pescoço e câncer urogenital.

O risco deste paciente desenvolver leucemia ou mielodisplasia praticamente some quando se realiza o TMO ainda criança.

Quando é feito um diagnóstico precoce da AF, mais cedo os pacientes receberão orientações quanto aos cuidados a serem tomados:

– evitar o sol (não exposição, uso de protetor solar 3x ao dia)

– ter uma boa higiene oral com consulta freqüente ao dentista

– não fumar

– evitar uso de bebida alcoólica

– realização de vacina contra vírus HPV.

PACIENTES COM ANEMIA DE FANCONI PODEM TER FILHOS?

A esterilidade é frequentemente detectada entre os pacientes com Anemia de Fanconi, principalmente entre os meninos. As meninas entram em menopausa mais cedo então se deve ficar atento na monitoração hormonal destes pacientes. Existem relatos de mulheres que conseguiram engravidar mesmo após a realização de um transplante de medula óssea.

HÁ ALGUM ESTUDO/PESQUISA RECENTE QUE TRAGA NOVAS ESPERANÇAS PARA OS PACIENTES COM ANEMIA DE FANCONI?

A principal causa de morte precoce nos pacientes com Anemia de Fanconi é a falência de medula óssea. O TMO é o procedimento curativo desta complicação. Atualmente quando não se encontra um doador compatível, seja familiar ou não- aparentado (banco de doadores nacional e internacional) o paciente pode ser beneficiado com a realização do TMO Haplo-identico. Este é um estudo experimental do HC-UFPR que tem mostrado excelente resultado, semelhante às outras modalidades de TMO.

Dr. Lisandro Lima Ribeiro

Hematologista pediátrico responsável pelo ambulatório de Anemia de Fanconi do HC UFPR

CRM-PR 18.767

É preciso falar sobre Fanconi

Referência mundial no tratamento da doença, Brasil ainda não criou um Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) para o diagnóstico da patologia.

A Anemia de Fanconi é uma doença grave, de ordem genética, que atinge crianças e adolescentes e traz complicações muito graves, como leucemia, insuficiência progressiva da medula óssea, anomalias no esqueleto, tumores sólidos, e alterações renais. Uma vez detectada, o paciente terá a doença por toda a vida, mas se diagnosticada cedo, é possível curar a principal complicação hematológica da doença: a falência da medula óssea. “É preciso fazer um trabalho de conscientização e educação da população, visto que esta ainda não é uma patologia popularmente conhecida”, diz Regina Bruni, presidente do Instituto TMO. Outro dado importante a respeito da doença é que, a maioria das crianças e jovens que desenvolverem a doença, ao chegar próximo dos 20 anos, possui grande chance de desenvolver câncer de boca e pescoço, por isso o alerta sobre como detectar os sinais primários da Anemia de Fanconi se faz tão importante.

A cidade de Curitiba é referência mundial no diagnóstico e tratamento da doença: há 10 anos atrás, o índice de sobrevida de pacientes com a doença girava em torno de 20%. Hoje esse número aumentou para cerca de 95%.

Com uma nova diretoria, o Instituto TMO está formatando novas diretrizes para ampliar seu trabalho pelo Brasil. Uma das ações de maior proporção é o projeto de conscientização e educação da população acerca da Anemia de Fanconi. Apesar de se tratar de uma doença séria, a Anemia de Fanconi ainda não consta no protocolo de doenças graves do Ministério da Saúde, e este é outro fato que o Instituto TMO quer mudar.

Para a presidente do Instituto, Regina Bruni, é imprescindível conscientizar a população a respeito da doença e seus tratamentos. Para esse trabalho, Regina conta com o apoio de profissionais consagrados: a Dra. Carmem Antunes Bonfim, atualmente a maior especialista em Anemia de Fanconi no país, e Dr Lisandro Ribeiro, hematologista pediátrico, responsável  pelo ambulatório de Anemia de Fanconi do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.

Abaixo o Dr Lisandro Lima Ribeiro, Hematologista esclarece as principais dúvidas que surgem a respeito da doença.

O QUE É ANEMIA DE FANCONI?

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética rara caracterizada por má-formações congênitas, falência progressiva da medula óssea e predisposição ao câncer.

As má-formações mais freqüentes desta síndrome são: deformidades ósseas (ausência de polegar, polegar menor ou pendurado e ainda ausência do osso do braço chamado rádio – deixando o braço curto e curvo), o rosto delicado com boca pequena, olhos pequenos e queixo pequeno. A baixa estatura é freqüente e geralmente as crianças nascem com baixo peso e estatura abaixo do esperado para idade. Os pacientes com freqüência apresentam manchas na pele de cor café-com-leite.

QUAIS AS CAUSAS DA ANEMIA DE FANCONI

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética herdada geneticamente dos pais. A herança mais freqüente é conhecida com autossômica recessiva, ou seja, é preciso herdar uma mutação do pai e outra mutação da mãe para a criança apresentar a doença.

Ela tem o nome de anemia devido ao achado freqüente no hemograma de anemia devido à falência progressiva da medula óssea. Quando a medula óssea (fábrica do sangue) não funciona adequadamente o paciente apresenta anemia (hemácias são células responsáveis pelo transporte de oxigênio), trombocitopenia (as plaquetas, células importantes para coagulação do sangue estão diminuídas) e neutropenia (quando os neutrófilos estão diminuídos – neutrófilos são células do sangue importantes na defesa do nosso organismo contra bactérias).

Então quando existe falência de medula óssea o paciente apresenta anemia, defesa do corpo fica baixa e pode apresentar sangramentos.

SINTOMAS – COMO IDENTIFICÁ-LOS?

A maioria dos pacientes com Anemia de Fanconi apresenta anemia e trombocitopenia por volta dos 8 anos de idade (7-10 anos), quando então surge palidez cutânea e manchas arroxeadas. Todo hematologista quando esta frente a um caso de uma criança com falência de medula óssea deve pensar na hipótese diagnóstica de Anemia de Fanconi. Deve-se então ficar atento para a presença de baixa estatura, manchas café-com-leite e má-formações ósseas (polegar e braço).

DIAGNÓSTICO DA AF?

O diagnóstico é feito por um exame chamado teste de fragilidade cromossômica em sangue. Deve ser realizado em laboratório que tenha experiência com a realização do exame. O laboratório do HC – UFPR apresenta a maior experiência do país para esta análise.

QUAL O TRATAMENTO MAIS INDICADO?

Quando o paciente com Anemia de Fanconi evolui para falência de medula óssea o tratamento curativo desta complicação hematológica é a realização de um transplante de medula óssea. Atualmente a taxa de sucesso com a realização do TMO é acima de 90%, quando se acha um doador totalmente compatível.

Caso o paciente não tenha um doador compatível para realização de TMO é possível utilizar um tratamento hormonal com andrógenos (hormônio masculino). Este é um tratamento que pode manter o paciente sem transfusão sanguínea ate encontrar um doador adequado para realizar o TMO. 

QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES DA DOENÇA CASO ELA NÃO SEJA DIAGNOSTICADA RAPIDAMENTE?

Anemia de Fanconi é uma síndrome genética com predisposição ao câncer, sendo assim quando o diagnóstico é feito tardiamente o paciente não recebe as orientações e cuidados que devem ser tomados durante a vida para diminuir o risco de ter um câncer.

Os cânceres mais freqüentes nos paciente com Anemia de Fanconi são: leucemias, mielodisplasias, câncer de pele, câncer de cabeça e pescoço e câncer urogenital.

O risco deste paciente desenvolver leucemia ou mielodisplasia praticamente some quando se realiza o TMO ainda criança.

Quando é feito um diagnóstico precoce da AF, mais cedo os pacientes receberão orientações quanto aos cuidados a serem tomados:

– evitar o sol (não exposição, uso de protetor solar 3x ao dia)

– ter uma boa higiene oral com consulta freqüente ao dentista

– não fumar

– evitar uso de bebida alcoólica

– realização de vacina contra vírus HPV.

PACIENTES COM ANEMIA DE FANCONI PODEM TER FILHOS?

A esterilidade é frequentemente detectada entre os pacientes com Anemia de Fanconi, principalmente entre os meninos. As meninas entram em menopausa mais cedo então se deve ficar atento na monitoração hormonal destes pacientes. Existem relatos de mulheres que conseguiram engravidar mesmo após a realização de um transplante de medula óssea. 

HÁ ALGUM ESTUDO/PESQUISA RECENTE QUE TRAGA NOVAS ESPERANÇAS PARA OS PACIENTES COM ANEMIA DE FANCONI?

A principal causa de morte precoce nos pacientes com Anemia de Fanconi é a falência de medula óssea. O TMO é o procedimento curativo desta complicação. Atualmente quando não se encontra um doador compatível, seja familiar ou não- aparentado (banco de doadores nacional e internacional) o paciente pode ser beneficiado com a realização do TMO Haplo-identico. Este é um estudo experimental do HC-UFPR que tem mostrado excelente resultado, semelhante às outras modalidades de TMO.

        

Dr. Lisandro Lima Ribeiro

Hematologista pediátrico responsável pelo ambulatório de Anemia de Fanconi do HC UFPR

3 Comentários

  1. Simone dos Santos
    25/04/2022

    Muito boa a explicação. Tenho um amigo que teve diagnóstico faz 3 meses. Onde procurar doadores de medula óssea?

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    • Instituto TMO
      09/05/2022

      A busca dos doadores é feita diretamente pelos médicos e hospital envolvidos no tratamento através do REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). É de extrema importância que toda pessoa cadastrada como doadora de medula mantenha seus dados atualizados no site do REDOME para ser facilmente localizada em caso de compatibilidade com algum paciente.

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  2. Deusa
    30/04/2023

    Parabéns pelo conteúdo, muito útil e informativo! Aproveitem para conferir o site https://eupaciente.com.br e se manterem atualizados sobre saúde e bem-estar.

    https://eupaciente.com.br/saude/

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